A relação do isolamento com a vitamina D

A falta de vitaminas no organismo causa problemas importantes de saúde, mas o que
muitas pessoas não lembram é que o excesso de vitaminas também traz
complicações.

Um exemplo muito comum é o uso de suplementos de vitamina D sem
controle. Diferentemente de algumas vitaminas que não são cumulativas no
organismo, a superdosagem da D pode provocar cálculos renais, fraqueza muscular e
até anorexia.


“A ingestão de vitaminas, que não sejam as da mercearia, deve ser monitorada pelo
médico, pois o uso descuidado de suplementos vitamínicos é também um risco sério à
saúde”, alerta o médico Weber Coelho, dermatologista pela SBD-Sociedade Brasileira
de Dermatologia e mestre em Dermatologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto-USP.


O isolamento como medida de prevenção contra o novo coronavírus reduziu as
atividades físicas e passeios ao ar livre e, consequentemente, o banho de sol, fonte
importante de vitamina D.

“Mas a recomendação de exposição ao sol é apenas por 15
minutos diários e muitos alimentos também são fonte desta vitamina”, alerta o
dermatologista. Na lista estão os peixes, ovos, leite, iogurtes e vários outros itens
bastante presentes na mesa dos brasileiros.

A falta de vitamina D traz problemas à saúde. Ela é considerada um pré-hormônio
importante para regular o cálcio no organismo e, por consequência, a saúde dos
ossos, dentes e mesmo a função cardíaca e é importante para a força muscular. Na
saúde da mulher, é importante na adolescência como prevenção da endometriose e
da síndrome de ovários policísticos.

Mas o excesso pode complicar seriamente a saúde. “É importante que as pessoas
saibam que o organismo precisa de vitaminas em doses reguladas, nem mais, nem
menos. Algumas delas realmente prejudicam a saúde se faltarem ou se aparecerem
em doses elevadas no organismo”, ressalta o médico.

Estudos científicos recomendam valores diferenciados de vitamina D no organismo
para pessoas saudáveis e casos considerados grupos de risco como idosos, pacientes
com osteoporose ou doenças autoimunes, gestantes e outros.

“A fadiga, fraqueza muscular ou náuseas, por exemplo, podem ser indicativos de altas
taxas de cálcio no sangue produzidas por excesso de vitamina D”, explica Weber
Coelho, que é membro efetivo da SBD-Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Segundo ele, essa desordem metabólica é conhecida como hipercalcemia e é uma
condição muito associada ao surgimento de câncer.

O SINITOX-Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, da Fiocruz,
aponta, por exemplo, 20.637 casos de intoxicação por medicamentos em 2017
(27,11% do total de casos notificados), superando em muito o segundo item da lista,
que foi intoxicação por animais peçonhentos/escorpiões, que chegaram a 11.679
casos; ou seja, 15,34%. A listagem ainda aponta intoxicações por agrotóxicos,
cosméticos, plantas, alimentos e outros.

“O Brasil é um país onde as pessoas utilizam muito a automedicação, daí que é
sempre bom o alerta de que o médico de confiança é quem deve receitar com
segurança a ingestão de qualquer tipo de medicamento ou vitaminas. Diferentemente
da vitamina C, que não é cumulativa e o organismo expele o excesso, a D pode
comprometer a função dos rins, pode provocar o surgimento de cálculos renais e, por
incrível que pareça, leva à perda óssea porque prejudica a absorção de nutrientes
pelos ossos, podendo levar também à osteoporose”, alerta o médico.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

1 × cinco =

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.